domingo, 8 de setembro de 2013

Como tudo começou – 4

No Último Dia e Na Última Hora


Fins de 1977 ou início de 1978. Em busca de bibliografia sobre folclore, congadas e culturas populares, fui à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, quando a sede ainda era no Largo São Francisco. Consegui adquirir vários livros. Aguardando num dos corredores à procura do setor de folclore, vejo um recorte de jornal pregado na parede. Tratava-se de um edital de monografias sobre folclore, o Concurso Silvio Romero. Comecei a ler e fui ficando entusiasmada. Dava certinho para o que estava fazendo relativo à pesquisa das congadas. Senti o mesmo impulso de quando criança, ao ver o anúncio do concurso de bonecas. Pedi uma cópia do artigo e voltei para Atibaia, feliz com os novos livros e a nova perspectiva. Mostrei a cópia do recorte para minha irmã mais velha, que logo me entusiasmou. Meu outro irmão, achou que seria impossível uma menina do interior conseguir ganhar um concurso nacional, e que sempre tinham cartas marcadas. Fui em frente. Minha irmã mais velha foi quem me ajudou. Ia para o apartamento dela após as aulas de dança, que fazia no Balé Stagium, e noite a dentro, ia narrando a pesquisa em conversas com ela. Ela me ajudou na estrutura do livro e na narrativa inicial. Voltava para Atibaia, continuava a escrever, e novamente, levava para ela ajudar na revisão. Assim foi. Ela estava grávida da segunda filha e eu da primeira. Só lembrando: foi tudo escrito à mão. As fotos, feitas pelo Walter Girardelli, revelamos na chácara do Armando Canuto, um fotógrafo que acabara de conhecer. Com o prazo vencendo, igualmente fazíamos as fotos noite a dentro. Depois foi datilografado e feitas as cópias para serem encadernadas. Fizemos os croquis também de forma manual. Naquele tempo NÃO HAVIAM COMPUTADORES NEM SISTEMAS DIGITAIS. Terminada a tarefa, o prazo justo e sem mais tempo para correio. Meu pai ia viajar ao Rio para visitar minha avó e achou por bem antecipar a viagem para levarmos o trabalho para inscrever diretamente na FUNARTE. O quê um pai não faz pelo esforço de um filho? Fomos no último dia de inscrição. Saímos durante a madrugara pois papai resolveu conhecer a estrada Rio-Santos, nova naquele tempo. A viagem foi bem mais extensa do que prevíamos, de forma que chegamos ao Rio em cima da hora de fechar a FUNARTE. Tinham umas pilhas de envelopes. A inscrição era feita por pseudônimo, de forma que houvesse isenção na avaliação dos trabalhos enviados. Prometi a São Benedito que se ganhasse o concurso, para publicar o livro, ou Menção Honrosa, ajudaria sempre as congadas de Atibaia. Fiz então a inscrição sob pseudônimo Benedita do Rosário.

Foto de Walter Girardelli, de 1975 - Acervo Garatuja 

















Élsie  da Costa – 3 de setembro de 2013.

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